sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Puteiro Macabro




Sempre fui puta, mas eu não era prostituta porque eu queria, foi nossa sociedade capitalista que me tornou assim, afinal precisava de sobreviver, precisava de comida e de um teto para morar. O homem tem medo de monstros que acabem com a humanidade, mas ele não vê que que está autodestruindo sua raça. Vivia jogadas às esquinas com roupas insinuantes, precisava de clientes, meu corpo não era um dos mais gostosos que se apareciam por lá, mas qualquer mulher ali parada ganhava dinheiro, umas mais outras menos.
Um dia chegou um moço em mim, ele não era um dos mais bonitos que já vi por lá, e contratou meus serviços, ele me levou pra sua casa, aquele moleque que devia ter uns vinte poucos anos morava sozinho e morava extremamente bem, para um universitário, era grande a casa ajeitada na Nove de Julho. Nós fizemos sexo, ele me tratou super bem.
Dia seguinte ele me retornou, me convidou para jantar. Acho que ele havia se esquecido que eu era pobre e vagabunda, porém não recusei o convite. Agente se encontrou várias e várias vezes depois daquela. Acabei me apaixonando por ele e ele dizia que me amava. Me pediu em casamento. Eu aceitei, afinal ele poderia me sustentar. Porém depois do casamento ele se transformou.
Ele disse que eu tinha que continuar sendo puta, para que eu sustentasse ele. Estabeleceu uma quantidade mínima de homens eu tinha que dar, se eu não conseguisse isso ele me mutilava. Eu tentava cumprir o número estimado por ele sempre, mas era quase impossível. Levava os homens para nossa casa, depois que os meus clientes gozavam, eu saia correndo, muitas vezes nua, para que arranjasse o próximo cliente. Meu marido ficava sentado conversando e bebendo com eles.
Pouco a pouco, com o dinheiro que eu conseguia ele fazia reformas muito estranhas na casa, eu nada podia falar, já que ele poderia me matar. Criou uma sala na qual eu era proibida até de passar na frente. Eu tinha muita curiosidade de saber o que era lá. E meu trabalho continuava, dia após dia, sem descanso. Minha buceta estava assada de tanto pau que lá socava. Eu não aguentava mais, um dia me recusei à ir fazer meu serviço.
Ele me espancou muito, fez com que tudo em mim sangrasse e eu fiquei desacordada. Quando voltei a realidade, estava em uma sala com vários equipamentos medonhos, parecia um açougue, tinha sangue pelo chão. Me levantei da maca de ferro onde estava, vi os cortes no meu corpo, minha bunda doía de mais, meu peito pesava e estava inchado, dobrara de tamanho. Aproximei-me do espelho, peguei-o, notei logo que minhas mãos haviam se invertido, olhei no meu rosto, vi o buraco da vagina e o clitóris. Assustei. Ele voltou-se para mim, riu. Disse que isso era pra eu aprender a me comportar.
Saí daquela sala, a casa estava totalmente diferente. Não reconhecia nada, não sabia quanto tempo passei em coma, um ou dois meses, acho eu. Olhei em meu arredor, vi algumas meninas. ‘Esse é meu novo puteiro, querida, agora vai lá no palco e rebole, rebole bastante como eu gosto, minha vadia. Eu te amo.’
O puteiro foi inaugurado há uns dois dias e havia uma grande frequência de homens e meninos. Eu transava com muitos por noite, era obrigada, ou morria de fome. Porém o cafetão grotesco chegava e tirava os meus clientes, diziam que estavam a muito tempo e que tinham que se retirar. Ele batia nos homens até ficarem desacordados arrastava-os para algum canto e eu voltava ao meu posto. Via que cada dia tínhamos putas novas, ficava intrigada, perguntava pra ele o que se passava, ele não me contava.
Assim correram os dias, até que eu encontrei-o com as mãos sujas de sangue, perguntei o que havia ocorrido e ele me respondeu grosso, disse que não era de meu interesse. Encostei-o na parede, pedi que me contasse. Por minha rebeldia ele arrastou-me até a sala secreta e me mostrou o que se passava por lá. Seres estranhos, com sexo indefinido, gritando e gemendo, pedindo piedade à dor que a vida causou. Era bizarro. Ele transformava homens em prostitutas com rituais satanistas. Na mesma sala mais ao fundo havia a sala que eu havia ficado para ser mutilada. Havia carne para todo o lado e aqueles monstros se alimentavam disso.
Depois de menos de um mês aberto, o puteiro feixou. Era um carrasco, e todas nós havíamos cicatrizes sangrentas das torturas de nosso ditador. Perfurava nossos seios com aço e puxava se dissemos algo de errado, chicotada dia e noite, sem motivos evidentes. O sangue jorrava de nossas almas convertidos em lagrimas silenciosas de sangue.
‘Puteiro Macabro, suas fantasias mais bizarras realizadas’ dizia o slogan, ‘Fique aqui três horas grátis… mas apenas três horas’ era isso que chamava a clientela sedenta por obscenidade e prazer. Mal sabem eles que virariam todos vitimas de satanás na mão de um açougueiro humano.

Nenhum comentário:

Postar um comentário