sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

solstício de inverno



15 de dezembro de 1999
Nós não vivemos muito bem, nossa comida é escassa, fazem menos de vinte graus negativos. Antártida, aqui não tem nada. Só vejo neve e mais neve à minha volta, isso porque ainda nem chegou no solstício de inverno: longas e frias noites obscuras, seis meses serão assim.
Há apenas um grupo de paleontologistas, constituído por cinco membros: eu, Erick, Bernard, Gabriel e Denise. Fomos os únicos que ficamos aqui, mesmo sabendo que um rígido frio viria, afinal achamos alguns ossos por aqui. Ainda não sabemos quando vamos estar de volta à nossa terra natal. Sinto falta de minha família.
Nossa base é bem rústica, um casebre de madeira, porém nele temos  tecnologia suficiente para nossas exploração. O contado com o exterior era muito difícil, uma vez que neste deserto não há antenas para celular, apenas para rádio.
Estou um pouco entusiasmado com a exploração das ossadas. Parece ser uma espécie ainda não catalogada, nunca vi nada parecido antes.


22 de dezembro de 1999
Queria tanto estar de volta à minha casa, calorosa, com minha mulher e minhas duas filhas lindas para abraçar. Sequer eu mandei presente para elas. O solstício se aproxima, menos de dois dias para a escuridão, estamos um pouco preocupados.
Começamos à montar o esqueleto que achamos, ele é bem parecido com o esqueleto humano. Será que também era inteligentes? Bom, Denise acha que não devemos levantar hipóteses, já que o material genético ainda não foi estudado profundamente. Amanhã iremos fazer uma escavação mais profunda no gelo. Espero encontrar mais ossos.


23 de dezembro de 1999
Meu deus, a escavação foi um sucesso! Achamos não somente ossos lá, como também restos mortais, quase em perfeito estado. Três cadáveres completos. Nós, homens, carregamos os seres até nossa cabana, na máquina frigorifica que temos por aqui. Colocamos lá numa temperatura bem inferior para termos certeza que estes cadáveres não vão se decompor. Vamos deixar para estudá-los depois do natal. Afinal, merecemos um pouco de descanso.
Hoje vieram alguns soldados ver se estávamos bem, trouxeram nossa ceia natalina e muita banha de baleia. Tivemos informações que em fevereiro iremos ao USA com a nossa pesquisa. Mas por enquanto é preciso trabalhar.
O clima natalino aqui é grande.


24 de dezembro de 1999
Ainda nem amanheceu (hoje é o ultimo dia que acontecerá isso) e Erick e Gabriel já foram cortar lenha. Não que aqui tenha pinheiros, vivemos no deserto, mas recebemos em toras grandes, assim eles podiam dizer que ajudaram nos preparativos do natal. Bernard já começou os preparativos para a ceia, ele é um ótimo cozinheiro. E eu e Denise ficamos em casa fazendo a decoração. Aproveitei para checar os cadáveres, eles estão em ótimo estado, tem uma aparência quase viva. Se não tivessem congelados, envolvidos num grosso bloco de gelo, acho que até respirariam. Bom, são muito antigos para isso. Aparentam ser da era Jurássica pelos chifres, unhas e dentes pontiagudos.
Ainda tenho que varrer nosso lar.


26 de dezembro de 1999
O natal passou tranquilo, sempre bom descansar um pouco. Mas hoje tivemos muito trabalho. Explorar no sol é bem melhor que explorar nessa escuridão, ainda mais com a tempestade de neve que deu durante a tarde tivemos que abandonar o trabalho e voltar correndo ao posto. Ainda neva lá fora. Está muito frio. Gabriel está com hipotermia, está deitado no sofá da sala em frente à lareira. Espero que melhore logo ou iremos ligar para que busquem ele. Vamos ter um feriado prolongado.


27 de dezembro de 1999
A tempestade está cada vez mais rigorosa, ficamos o dia todo presos em casa. Gabriel aparenta está melhor. Tivemos que desligar a lareira ou morreríamos carbonizado com suas fumaças negras. Fico pensando na minha família, o pior sentimento que eu já senti: saudade.


29 de dezembro de 1999
A neve diminuiu mas ontem aconteceu coisas terríveis. Estávamos conversando na sala quando ouvimos um estrondo muito alto. Hoje conseguimos sair da base. E vimos que a nossa antena de rádio estava caída ao chão em meio a neve toda despedaçada. Não temos mais comunicação com o mundo até fevereiro. Não sei o que faremos, será que sobrevivemos. Não podemos desperdiçar alimentos ou lenha. Temos que ser bem rígidos.


30 de dezembro de 1999
Hoje seria um dia normal, não está nevando, então podemos trabalhar tranquilamente, Gabriel curou-se de sua gripe e estamos todos muito bem. Só que quando fomos inspecionar os corpos na geladeira eles não estavam mais lá. Será que há alguém entre nós? Ou será que algum de nós que sabotar a expedição? Espero que fique tudo bem.
Essa escuridão eterna me mata. Quando saio na neve não vejo nem o que está à dois palmos de mim. A cada dia está mais noite.


6 de janeiro de 2000
A comida está desaparecendo, sumindo aos poucos, principalmente a carne vermelha. Há barulhos estranhos na casa. Não há mais luz elétrica. Não sei o que acontece por aqui, mas vejo que não é culpa de nenhum de nós aqui presentes. Estamos aterrorizados. Paramos de sair em expedições, com medo de morrer. Se algo não nos matar, morreremos de frio fora de casa. Aqui é mais seguro.


7 de janeiro de 2000
Gabriel morreu! Ele está morto. Jesus Cristo. Hoje, quando acordei, fui à cozinha tomar meu café. Encontrei o cadáver de Gabriel jogado ao chão. Estava seco. Sua garganta dilacerada e seus ossos quebrados. Um humano não conseguiria fazer aquilo, nem com faca. Berrei bem alto para acordar a tripulação. Vieram ver o ocorrido. Denise quase desmaiou quando viu Gabriel daquele jeito. Juntamos tudo o que precisaríamos para o dia, subimos ao quarto, o terror não cessava. Eu e Erick enterremos seu corpo no gelo. E subimos com medo. Não estamos seguros.


* * *


Estão todos dormindo, é meu turno de vigilância. Ouço barulhos através das paredes de madeira. Rosnados selvagens. Estou quieto, mas não ser por quanto tempo permaneceremos aqui presos. Deveria ir fora de meu quarto e tentar matá-los?


10 de janeiro de 2000
Mais um está morto. Bernard. Ele faz faculdade comigo, conhecia a família dele. Estou triste pela perda. Não posso descrever a morte de meu amigo, não vi ele morrer, estive desacordado uns três dias. Perdi a noção do tempo, não há mais dias, apenas frias noites. Não me lembro porque os músculos de minha perna estão todos estourados.
Lembrar, lembrar… Lembro-me do dia que conheci minha musa, ela era linda. Lembro-me de minha filhas pequenas, gêmeas, lindas. Lembro de estar na Antártida. Lembro das ossadas e da morte de Gabriel. Dentes pontiagudos perfuram minha perna. Eu grito, grito. Lembro! Eles em cima de mim. Os três, três demônios chifrudos. Pai nosso que estás no céu, socorro. Piedade. Piedade.


11 de janeiro de 2000
Sabemos que vamos morrer. Não há mais comida, não há mais água à três dias. Eles estão na porta. Eu sei disso. Tenho medo de chegar perto. Só não sei porque não acabam com isso logo, destruam a frágil parede de madeira e entrem em nosso quarto. Deus, desculpe-me por todos os pecados que eu cometi.


* * *


Denise se matou, à duas horas com um martelo. Ela conseguiu quebrar seu crânio. O bom que agora temos alimento. Eu e Erick estamos comendo a carne de seu corpo. Estraçalhamos a pele de Denise com os dentes mesmo, e estamos cortando o os músculos e os miúdos com auxilio de um estilete. Nunca pensei que carne crua humana fosse tão gostosa. A Denise era gostosa, aquele corpo quente delicioso. Seios cheios. Necrofilia.


15 de janeiro de 2000
Não víamos mais movimentos dos seres. Erick desceu, mas não voltou até agora. Nesse momento deve estar estraçalhado e sem sangue. Demônios sanguinários, conseguiram, todos nós morremos. Eu morri por dentro, não tenho esperanças. Irei me jogar aos carniceiros, para que eles estraçalhem-me e drenem meu sangue, para que levem minha alma ao inferno ou senão morrerei congelado, pois o frio fez com que tivesse hipotermia, ou até morrerei de fome, pois se comesse minha própria carne morreria de hemorragia. Deus, abençoe, cuide e guie minha família: esposa e filhas, para que consigam viver sem mim. Agora irei ao meu destino, cumprindo a única certeza que temos na vida.


22 de novembro de 2000
Ainda não sabemos o que ocorreu por aqui. Meu nome é Marcelo fui enviado para a Antártida há uns meses. Não sei muito bem o que ocorreu por aqui. Só sei que quando eu e minha equipe chegamos, no solstício de verão, achamos 5 cadáveres humanos sem sangue e com pedaços de carne decompondo por quase toda a casa, o cheiro dos mortos impregnou na madeira. Uma ossada de algum ser. E três cadáveres, intactos, porém fedendo, jogados ao chão. Eu e minha equipe colocamos eles no refrigerador e enterramos os restos mortais com direito à um velório, até. Irei relatar a morte dos humanos que aqui viviam, e enviar esse diário à alguém maior, já que não tenho tempo para lê-lo. Muita baboseira. Preciso continuar a trabalhar para descobrir a raça dos cadáveres. Esse sol me mata. Sorte que logo teremos um solstício de inverno. Escuridão eterna.

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Mais um hospital


Eu... eu não... eu não sei onde estou. Há muita luz.
Eu estou morto?
Todo o meu corpo está doendo... Eu acho que isso significa que ainda não estou morto. Ao menos, não totalmente.
Tudo está ficando claro, agora.
Eu acho que estou num hospital. Eu estou levantando... ou melhor, tentando. Meu pescoço dói, não importa o quão devagar eu o mova.
"Por favor, fique de costas. Você passou por muitas coisas recentemente." uma enfermeira me diz.
Eu olho para baixo, observando meus braços e pernas. Eles estão cobertos de hematomas, cicatrizes e cortes. Há uma necrose (gangrena) ainda no meu pé. Mas como isso aconteceu?!
"Qual é o seu nome?" Ela me pergunta. Eu lhe digo meu nome, perguntando como diabos eu lembro disto, mas não o que aconteceu. Sinto como se a parte de baixo do meu corpo estivesse em chamas. Eles tiveram que agir melhor e rapidamente se quisessem curar.
"O que aconteceu comigo?" Perguntei a ela.
"Você quase foi atropelado por um caminhão. No meio da fuga, você caiu sobre um toco de foi arranhado por vários galhos de árvores que estavam ali. O motorista era um psicopata que tinha acabado de estar numa maré de matança em um bairro. Ele parou o veículo e foi acabar com você pessoalmente, devido à pista não ser grande o suficiente para girar em torno de seu caminhão. E depois de uma difícil luta, você foi capaz de matá-lo." Ela me disse, como se isso não fosse nada importante.
"Impossível!" Eu gritei de volta, ferindo meus pulmões. "Que provas você tem?"
"O seu próprio testemunho, senhor. Chegamos na cena pouco depois de sua luta e perguntamos o que tinha acontecido. Você respondeu tudo o que eu lhe contei." ela disse.
"Se foi isso, então por que eu tenho uma gangrena?" Eu disse. O fedor do meu corpo maltratado era insuportável, nauseava-me. Este dia continuou piorando a cada minuto.
Calma, senhor. Você estava deitado na neve. Era inverno quando aconteceu, e seus pés começaram a sofrer necrose." , explicou ela. "Agora eu preciso que você para fique deitado. Vamos operar você"
Olhei ao redor do meu quarto. A porta foi fechada firmemente e apenas as luzes do teto livravam a sala da escuridão. A dificuldade em respirar crescia a cada segundo enquanto eu não era operado.
A enfermeira tirou algum tipo de instrumento para a cirurgia. Ela começou a se mover em direção as minhas pernas.
Espere! Você precisa de anestésicos, certo? Vai doer muito se eu não for anestesiado! Você é louca?
Ela riu com isso, dizendo-
Nós estamos no inferno, é claro que vai ser doloroso!

domingo, 22 de janeiro de 2012

Coragem cão covarde - Cerberus

Todo mundo aqui ama o Coragem, mas quem exatamente ele é? Ele é um cachorro assustado, que faz qualquer coisa para proteger sua casa, Lugar Nenhum.Onde fica Lugar Nenhum? É um lugar onde não tem nada? Ninguém? Nenhuma esperança? Inferno?Coragem protege sua casa e garante que ninguém machuque Muriel. Seu mestre senta em sua cadeira e odeia a tudo e a todos. Qualquer coisa malvada que venha atacar ou conquistar Lugar Nenhum, Coragem luta contra. Ele mantém Muriel segura e impede que a casa do Eustácio seja destruída.Muriel sempre vê uma “cabeça” nova em Coragem, toda vez que algo ruim aparece e ele vai avisá-la, dando-lhe múltiplas cabeças.Coragem ficará para sempre em Lugar Nenhum (Inferno), para proteger sua casa, manter Muriel (humanidade) a salvo do mau (Le Quack [avareza], Katz [ira], etc). Seu mestre, Eustácio (Satan), vai comandar e odiar tudo que está em Lugar Nenhum (Inferno)Ele está preso no meio do Inferno e ama sua casa. Ele é Cerberus, nosso corajoso e covarde cão.

sábado, 21 de janeiro de 2012

Puteiro macabro II


Saindo de uma festa eu parei em um bar, para beber mais com meus amigos. Nós três solteiros, vida boa, moramos sozinhos na mesma república. John é o mais nerd, entende tudo sobre tecnologia, Pedro é um pegador, ele consegue ficar com mais meninas em um mês do que eu ficaria durante o ano, e eu apenas gosto de curtir a vida, há algo errado nisso?
Depois de muita vodka e vinho barato, Pedro queria que fossemos à um puteiro, comer umas garotas. Ele era um tanto quanto tarado e John odiava isso nele, achava que ele era muito compulsivo por sexo. Porém essa noite John aceitou ir na casa de prostituição que abriu na Nove de Julho, já que era nova e ouviu-lhe falar muito bem.
Pagamos a conta do bar, depois de uma breve discussão se iriamos pegar um único quarto e e cada um com duas meninas, ou se iriamos cada um para um quarto, no fim achamos mais conveniente pensar nisso lá. Saímos do bar e fomos ao carro que estava estacionado do outro lado da rua. Tive um mal pressentimento.
Entramos no carro, colocamos som alto, todos nós alegres e sem noção de sentidos. Comecei a acelerar o carro, e a fazer curvas bruscas, John acabou vomitando pela janela do carro, um liquido amarelo rançoso que fedia a cerveja ainda ficou na lataria do carro. Eu e Pedro só riamos.
Chegamos à casa da alegria, entramos, havia um hall grande e mal iluminado, cheirava à sangue, normalmente puteiro tem cheiro puta, isso é, se você não encontra coisas espalhadas pelo chão. A recepcionista daquele lugar disse para que aguardássemos um pouco até que um de seus atendentes pudessem prestar algum serviço à nós.
Cerca de dez minutos depois chega um homem com roupa branca, gordo e seu cabelo era ralo. Tinha uma aparência grotesca. Aparentava ser o cafetão. Ele aproximou-se e cumprimentou-nos sem apertar nossas mãos. Ele avisou-nos que o tempo máximo de permanência naquele local era de três horas.
Entramos por uma pequena porta e passamos num corredor comprido, vazio, o cheiro de sangue ficava mais intenso, a partir que íamos mais longe a luz ficava mais escassa e podiam ouvir os gritos de mulheres já, gritos excitantes.
Dobramos o corredor e nele haviam belas mulheres nuas penduradas como Cristo fora crucificado, mas com pregos presos não apenas nos pulsos mas sim pelo corpo todo. Parecia que estávamos em um museu, várias obras de arte penduradas pelas paredes, só que todas vivas, escorrendo o sangue espesso e caindo ao chão e as musas gemiam de dor, enquanto isso os visitantes podiam desfrutar do prazer de ver estas obras. sob meus pes havia muito sangue
Pedro não aguentou, tirou sua calça e sua camisa, ficou nú como os outros tarados do lugar 
O cafetão disse para continuarmos avançando para que deixássemos ele desfrutar da moça dele. Concordamos, até mesmo porque já havia uma hora que estávamos naquele puteiro e so podiamos ficar 3 horas.
Andamos mais um pouco por aquele extenso lugar até que chegamos em um local com três palcos de strip-tease, no do lado direito havia umas lésbicas,  e prostitutas o que deixavam a manada de homens loucos. No palco do lado esquerdo haviam mulheres horrivelmente mutiladas, uma apenas sem a face e com os olhos pendurados, a outra era apenas peitos, bunda e cabeça, ela estava decepando-se e alimentando os homens com a sua própria carne e a ultima estava toda mutada, suas mãos eram invertidas, haviam olhos em sua bunda e a buceta era no rosto, no lugar da boca, ela estava toda e retalhada e costurada por fora, e continuava a dançar e rebolar como uma vadia gostosa. E no palco principal haviam meninas de oito anos, homens malhados, leões e cobras. O show começaria daqui meia hora, faziam um pouco mais de duas horas que estávamos neste lugar grotesco. Nem queria imaginar os tipos de sexo que sairiam dali da plataforma.
O dono da casa mandou eu e John escolher uma mulher dos palcos para que nós traçasse-as de graça. Eu recusei, mas ele escolheu a Paola, a mais bizarra de lá, ele beijou-a para cumprimentá-la.O cafetão mandou eles seguirem para um quarto sozinhos, já que a mutante conhecia a casa. E ele perguntou novamente se eu queria uma menina, eu neguei.
Tinha repulsa do grotesco, Aquele lugar me apavorava. O cafetão me levou ao ultimo ‘aposento de diversão’ que ele tinha, assim que ele se referia aos locais com sangue e sexo na casa.
Ele abriu a porta e eu vi dois homens bebendo o sangue de uma mulher, um ser que eu não pude identificar, não parecia muito humano, não era nem homem, nem mulher, nem animal, nem réptil; era algo e estava lá contorcendo-se e pedindo por piedade. Ainda ouvi pessoas gritando e barulho motosserra.
O cafetão disse que era isso que aconteciam com os homens que ficavam por mais de três horas. Eles passavam de um ritual para mudança de sexo e viravam uma prostituta para trabalhar para ele aqueles que se recusassem a se transformar doava sua carne e seus órgãos para alimentar os monstros do lugar
Olhei no relógio e ele riu de mim. Ainda tinha vinte e dois minutos. Saí correndo desesperado, procurando o caminho de volta. Ouvi gritos ao fundo ‘Não adianta, não tem como escapar, este lugar é um labirinto’. Consegui chegar à sala de shows, o espetáculo do palco principal já havia começado.Tinha uma criança sendo devorada por leoes enquanto outros assistiam tudo
No meio da multidão encontrei Paola e ela viu meu desespero. Ela me perguntou quanto tempo que eu tinha e eu conferi: dez minutos contados. Ela pegou na minha mão e saiu correndo comigo o mais rápido que pudemos juntos. Algumas mulheres penduradas, já estavam mortas, e estavam sendo subsistidas por outras obras de arte. Ela me puxou disse que precisávamos acelerar. Chegamos ao corredor escuro, pouco a pouco vi a luz. E a pequena porta por onde passei.
Ela disse que não sairia comigo, era muito bizarra para o mundo real. Eu insisti que ela fosse, ninguém merecia aquele inferno. Empurrei-a a força pela portinha, o homem estava já na recepção, encarei-o e fui arrastando a garota até chegar a porta principal. Pulamos para fora.
Entramos no carro, e eu acelerei com tudo, ela tinha medo, segurei sua mão.


- Seus amigos agora são putas satânicas.

Foto da escola

Em um dia na escola, um garoto chamado Bruno estava sentado em sua classe durante a aula de matemática. Faltavam seis minutos para a aula terminar. Enquanto ele fazia os exercícios, uma coisa chamou sua atenção.
A carteira dele era ao lado da janela, ele se virou e olhou para o pátio do lado de fora. Tinha algo que parecia uma foto jogada no chão. Quando a aula acabou, ele correu até o lugar que ele tinha visto a foto, ele correu o mais rápido que podia para que ninguém pegasse ela antes dele.
Ele pegou a foto e sorriu. Na foto havia a imagem da garota mais linda que ele tinha visto. Ela tinha um vestido apertado e uma sandália vermelha, seu cabelo era ondulado e sua mão direita tinha um sinal de "V" formado com os dedos indicador e médio.
Ela era tão linda que ele a quis conhecer, então ele percorreu toda a escola perguntado para todos que passavam se alguém já tinha visto aquela garota, mas todos respondiam "Não". Ele estava arrasado.
Quando chegou em casa, ele perguntou para sua irmã mais velha se ela a conhecia, mas infelizmente ela também disse "Não." Já era tarde, Bruno subiu as escadas, colocou a foto na cabeceira de sua cama e dormiu.
No meio da noite Bruno foi acordado por um barulho na janela. Era como uma unha batendo. Ele ficou com medo. Após as batidas ele ouviu uma risadinha. Ele viu uma sombra próxima a sua janela, então ele saiu da cama, andou até a janela, abriu e procurou pelo lugar que vinha a risada, não havia nada e a risada parou.
No dia seguinte ele foi perguntar para seus vizinhos se eles conheciam a garota.
Todos falaram "Desculpe, não.". Ele perguntou até mesmo para sua mãe assim que ela chegou em casa. Ela disse "Não.". Ele foi para o quarto, colocou a foto na cabeceira e dormiu.
Novamente ele foi acordado pelas batidas na janela. Ele pegou a foto e seguiu as risadinhas. Ele saiu, desceu as escadas, saiu de casa pela porta e foi atravessar a rua quando de repente foi atingido por um carro. Ele estava morto com a foto em suas mãos.
O motorista do carro saiu e tentou ajudar, mas era tarde demais. Depois o
motorista vê uma fotografia e a pega.
Ele vê uma linda garota com três dedos levantados.

Moscas

O que incomoda nas moscas é que voam, e assim nao permitem uma visão objetiva, da sua arquitetura, nem a percepção cuidadosa, da cor que carregam nos ombros, o colorido de uma mosca, é um preto tão vasto, que até verdes parecem  louvar as asas gigantes e translucidas com que prometem ovos quando pousam.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Não era nem sexta feira


Deveria ser outro dia qualquer, hoje não era nem sexta. Sairia da cama, se conseguisse. Amarrou-se cordas nos braços e pernas que mantinham ele imóvel. Seus olhos estavam colados com cola líquida, seus cílios duros por estarem recobertos por uma espessa camada de cola, permaneciam úmidos pelo pouco de lágrima que por uma pequena abertura escorria. Sua fala havia sido cessada, com laminas afiadas, sua garganta estava aberta, dela se retiravam as cordas vocais que ainda eram usadas para exprimir o desespero.
‘Quem é você, o que quer?’ sua cabeça pensava enquanto a massa encefálica não fosse removida. Já havia algumas horas desde que parou de lutar, não tinha mais forças, afinal, nunca fora muito atlético. Encontrava-se sozinho, em algum lugar. Tentava respirar, mas o oxigênio também era escasso. Se não fosse pelas cordas presas em seus punhos apalparia ao redor, quem sabe achasse algo útil, poderia livrar-se, não era nem sexta, porém manteve-se imóvel, já que esta era a intenção do outro.
Ouviu a porta abrindo, num barulho ensurdecedor. Balbuciavam coisas estranhas, não dava para entender. Deveriam ser de outro país. Ele desesperou, sua única esperança era que ouvisse o que diziam, não havia passado pela cabeça dele que os outros poderiam não ser de sua nacionalidade. Ele agitou-se. Aqueles perceberam que estavam sendo ouvidos. Pegaram uma pequena barra de platina e um pouco de ácido, e foi passando-a por todo seu ouvido. Sua mão esquerda fechou-se, cravando as pequenas unhas em sua carne, para que desviasse sua dor. A barra foi inserida mais profundamente numa orelha, até que perfurou o tímpano e o mesmo derreteu-se. A mão que reagiu a dor fora cortada com bisturi, e não se estancou o machucado. Ele sangrava, ele chorava em silencio. Não era nem sexta.
Ontem não era nem sexta, era outro dia como todos os dias. Seis horas da manhã ele acordava, tomava café, trocava a roupa, quando ele não dormia já com o uniforme, escovava os dentes, olhava-se no espelho e apreciava o lindo menino de cabelos cor de fogo e olhos verdes. Ia pra escola. Fazia cálculos, conjugava verbos, falavam sobre Hitler e a Alemanha. Hitler, aquele torturador de judeus, pensou ele enquanto sentia pedaços de vidro perfurando sua barriga. Fazia tudo que qualquer pré-vestibulando fazia em dias de semana. Seu hobby era tocar bateria. Tinha um maltês e um irmão mas novo, seus pais ainda moravam juntos, ele era feliz e nunca tinha feito nada de mal para a sociedade. Porque ainda não era nem sexta.
m.Enquanto os estranhos costuravam sua garganta, a barriga sangrava. Ele pensava, enquanto conseguia, mas não lutava. Sabia que seria derrotado. Não era nem sexta e estavam arrancando suas unhas com um alicate. Até que ele era masoquista, ficava imóvel enquanto todo o corpo sangrava. Acho que o torturador ficou estressado por isso ou pensou que estivesse morto. Não sentiu mais nenhum toque, não ouviu mais nenhum barulho.
Ficou sozinho onde estava por séculos, já que minutos imobilizado e ferido dá a severa impressão que duram anos. Ele ouviu sons: o outro entrou. Tateou seu rosto e com água quente removeu a cola de seus olhos. A luz era intensa, pensava até que era o céu, mas sabia que não era, o céu não fede a carne necrosada, apertou os olhos para que conseguisse ver algo. Ergue a cabeça e olhou ao redor. Era grande, e cinza. Haviam corpos pendurados e esqueletos no chão, em seu leito havia sangue, muito sangue, do lado tinha uma mesa com uma mão boiando em querosene, sentia pelo cheiro, misturado com o fedor da necrose, ao lado havia uma série de instrumentos enferrujados e coberto com sangue. Não, aquilo definitivamente não era seu quarto. E viu um homem andando, ele era familiar. Seus cabelos ruivos. De costas ele era elegante, usava um avental por cima de uma polo, aparentemente cara. Porém não tinha a mão esquerda, fora robotizada. O homem virou-se para o garoto de frente. O garoto assustou-se, não pela cicatrizes no rosto, não pelo avental sujo de sangue, não pelas unhas da mão real arrancadas,  não pela garganta costurada…


- Não te assustes, criança, não te matarei. Isso seria um suicídio. Demônios te amem, hoje ainda é quinta-feira, e pra você, pra sempre será.